quarta-feira, 11 de agosto de 2021

CAMPANHA DE OBSERVAÇÃO PERSEIDAS 2021

Fig. 1- Arte: Cristian Madoglio / Comissão de Meteoros

Na próxima madrugada (12/08), será possível observar a máxima atividade dos meteoros Perseidas. Mas você deve estar se perguntando, por que estamos fazendo uma campanha de observação da chuva de meteoros Perseidas se seu radiantes é favorável a observação dos habitantes do hemisfério norte?

Sim, os habitantes do hemisfério norte tem uma observação favorável, mas uma pequena parte do Brasil está localizado acima da linha do equador.

Para o Brasil, a altura do radiante Perseidas vai decrescendo com a latitude, ou seja, estados e municípios próximos a linha do equador observam o radiante mais alto no céu, municípios e estados mais próximos ao sul, a posição do radiante não é favorável ou abaixo do horizonte (Fig. 2).

Fig. 2 - Altura do radiante Perseidas nas capitais Boa Vista/RR, Brasília/DF, São Paulo/SP e Porto Alegre/RS

A altura do radiante implica na taxa horária zenital - THZ, ou seja, quando mais elevado o radiante estiver, nossa THZ será maior.

Selecionamos a chuva de meteoros Perseídas para a campanha, devido sua alta atividade, não teremos interferência da Lua e por sermos um país de dimensões continentais, teremos um grande faixa de elevação do radiante, sendo possível observar uma grande variação na THZ.


1. Chuva de meteoros Perseidas

A Chuva de Meteoros Perseidas em 2021 tem sua atividade prevista entre os dias 17 de julho a 24 de agosto, sendo a data de máxima atividade calculada para para o dia 12 de agosto entre as 19 horas TU e 22 horas TU (1) (Tempo Universal).

Os meteoros Perseidas são denominados desta forma, pois os meteoros parecem surgir em um ponto do céu (radiante), localizado na constelação de Perseus próximo a estrela η Per e com limite na constelação Cassiopeia.

Fig. 3 - Constelação do Perseu. Mapa do céu válido para Chapecó/ SC em 12 de agosto de 2021 às 05:30 HBr.

Para 2021, a Taxa Horária Zenital é de 100 meteoros, porém, esse valor varia com a latitude do observador. Esse radiante é melhor visualizado por observadores localizados no hemisfério norte, ou seja, a taxa de meteoros observados é maior para essa localização.

No Brasil, quando mais próximo a linha do equador, o observador será contemplado com um número melhor de meteoros, pois o radiante ficará elevado. Os observadores localizados em latitudes menores no Brasil (mais ao sul) terão taxa horário reduzida e com maior dificuldades na observação, pois o radiante estará mais próximo ou abaixo do horizonte Norte.

Os meteoros Perseidas são velozes e riscam o céu a uma velocidade de aproximadamente 59 km/s, os rastros geralmente são persistentes e brilhantes.

Os meteoros Perseidas estão associados aos detritos de poeira deixados pela passagem do cometa 109P/Swift-Tuttle, descoberto em por Lewis Swift em 16 de julho de 1862, em Marathon, Nova York, e por Horace Parnell Tuttle, da Universidade Harvard em Cambridge, Massachusetts, em 19 de julho de 1862.

Fig. 4 - Simulação da nuvem de poeira deixada cometa 109P/Swift-Tuttle, por onde a Terra passa e é gerada a Chuva de Meteoros Perseidas. Fonte: MeteorShowers (2).


2. Observação visual

Publicamos no Boletim Ouranos - Ano L - Nº I, Equinócio de Setembro de 2020 todos os detalhes para observação a olho nu de uma chuva de meteoros que encontra-se disponível no site do Acervo Astronômico (4) ou no site da Comissão de meteoros da UBA (5).


3. Como localizar o radiante Perseidas

O radiante da chuva de meteoros Perseidas é mais favorável aos observadores do hemisfério norte e aos observadores brasileiros mais próximos da linha do equador. A disposição do radiante no céu vai depender do horário e da localização geográfica de cada observador. A imagem abaixo representa a diferença da altura do radiante para um observador localizado em Chapecó/SC e Natal/RN.

Fig. 5 - Comparativo da altura do radiante para diferentes regiões do Brasil.

No dia 12 de maio, a Lu1a estará aproximadamente 13% iluminada na fase crescente, desta forma não irá interferir na observação.

Para localizar a posição aproximada do radiante Perseidas, o observador deve se posicionar olhando entre o horizonte nordeste e norte. Algumas referências para localização aproximada do radiante é a constelação do Touro, logo abaixo a estrela Capella da Constelação Cocheiro e logo a esquerda a constelação do Perseu.


4. Formulário de observação visual de meteoros

Nos Boletins Ouranos N. 1 e 2 - Ano L - setembro e dezembro de 2020, a Comissão de Meteoros apresentou e descreveu sobre o formulário de campo (foto abaixo) a ser utilizado durante a sessão, bem como diferentes técnicas para proceder com os registros de meteoros visuais. Todas as informações necessárias estão disponíveis nos dois artigos.

Formulário de observação visual de meteoros - modelo preenchido - ETA 2020

5. Formulário de campo para a Campanha de Observação Perseídas 2021

No link a seguir estão disponíveis os arquivos para download do formulário de observação visual de meteoros - Campanha de Observação Perseídas 2021 para seis regiões brasileiras.


Download do formulário


Obs.: Iniciantes! Não se assustem com esse apanhado de informações e valores que aparecem nos textos e nesta publicações. Anote simplesmente o horário que vocês iniciaram e finalizaram a observação e quantidade de meteoros que viram. Se for possível, anote o horário de cada um desses meteoros, e ainda, a magnitude. Tudo tem um começo, o mais importante é que vocês observem e aos poucos essa experiência começa a tomar forma e aos poucos essas informações irão fluir naturalmente e vocês poderão enviar as informações completos. Estamos a disposição para ajudar.


6. Envio dos dados de observação

Depois de fazer seus registros de observação encaminhe seus dados para a Comissão da UBA através de formulário próprio. Seus dados serão divulgados na próxima edição do Boletim Ouranos.


Formulário para envio do relatório de observação


Bons céus a todos!



Comissão de Meteoros - UBA


(1) International Meteor Organization - IMO. 2021 Meteor Shower Calendar. p. 12. Disponível em: https://www.imo.net/files/meteor-shower/cal2021.pdf. Acesso em 15 de maio de 2021.

(2) Disponível em: https://www.meteorshowers.org/view/Perseids

(3) Acervo Astronômico. http://acervoastronomico.org/uba-ano-50

(4) Comissão de Meteoros. https://uba-meteoros.blogspot.com/2021/01/observacao-visual-de-meteoros-parte-i.html




sábado, 17 de abril de 2021

CAMPANHA DE OBSERVAÇÃO LIRÍDEOS 2021

Introdução

Em 2021, a Comissão de Meteoros junto a coordenação geral da União Brasileira de Astronomia - UBA, lançaram na edição do equinócio de março de 2021 a campanha de observação e registro de meteoros, sendo o primeiro chuveiro da campanha, a Chuva de Meteoros Lirídeos.

Arte: Cristian Madoglio / Comissão de Meteoros

1. Chuva de meteoros Lirídeos 

Constelação Lira / Foto: Diego de Bastiani
Chapecó/SC
Lirídeos é um chuveiro anual, sendo que em 2021 a sua atividades está prevista entre os dias 14 de abril a 30 de abril, sendo sua máxima atividades no dia 22 de abril, os meteoros Lirídeos “não tem rastros persistentes, mas podem produzir bolas de fogo”. Eles recebem este nome, pois os meteoros parecem vir da direção da constelação de Lira.

A velocidade média de entrada é de 49 km/s. A Taxa Horária Zenital é de 18 meteoros por horam, esse valor varia com a posição geográfica do observador, quanto mais próximo o radiante estiver no zênite, ou seja, exatamente acima da nossa cabeça, maior é a intensidade do chuveiro. O radiante se encontra próximo a Vega, a estrela mais brilhante da constelação da Lira com magnitude 0.

Todo ano, no mês de abril, o planeta Terra passa pelos detritos do cometa C/1861 G1 (Thatcher). Esse cometa tem um longo período, porém só existe um único registro de passagem dele próximo a Terra e sua órbita é de 415 anos em torno do Sol. A imagem abaixo é uma simulação que mostra a órbita dos detritos do Cometa e a órbita da Terra atravessando a nuvem de poeira.

Simulação da nuvem de poeira deixada cometa Thatcher, por onde a Terra passa e é gerada a Chuva de Meteoros Lirídeos. Fonte: MeteorShowers


2. Como localizar o radiante

Em primeiro lugar temos que ter em mente que o horário em que o radiante nasce no horizonte e a altura dele no céu depende da posição geográfica do observador, quanto mais ao norte estiver o observador, mais cedo e alto ele estará no céu. No dia 22 de abril, a Lua irá interferir na observação no início da madrugada, pois estará iluminada aproximadamente 68%, indo da fase crescente para cheia. O horário de ocaso da Lua também dependerá da posição do observador. Para localizar a posição aproximada do radiante Lirídeos teremos como referência Vega, a estrela alfa da constelação Lira o trapézio de Hércules.

Mapa válido para Chapecó/SC - 22 de abril de 2021 - 01:30 (Horário de Brasília). Fonte. Software Stellarium 0.20.4

O mapa acima representa a posição do céu para a cidade de Chapecó/SC no dia 22 de abril de 2021 à 01 hora e 30 minutos, horário de Brasília. Localize o quadrante nordeste do céu, a estrela Vega nasce próximo a esse quadrante. Logo acima da estrela Vega, você verá um asterismo formando um trapézio, que faz parte da constelação Hércules. O radiante de Lirídeos se encontra aproximadamente no meio entre Vega e o trapézio de Hércules.

Os mapas abaixo foram gerados no software Stellarium 0.20.4 para as regiões, Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

Mapa do céu no quadrante norte válido para a cidade de Florianópolis/SC no dia 22 de abril de 2021 às 04 horas (HBr) da madrugada.

Mapa do céu no quadrante norte válido para a cidade de Rio de Janeiro/RJ no dia 22 de abril de 2021 às 04 horas (HBr) da madrugada.

Mapa do céu no quadrante norte válido para a cidade de Brasília/DF no dia 22 de abril de 2021 às 04 horas (HBr) da madrugada.

Mapa do céu no quadrante norte válido para a cidade de Natal/RN no dia 22 de abril de 2021 às 04 horas (HBr) da madrugada.


Mapa do céu no quadrante norte válido para a cidade de Manaus/AM no dia 22 de abril de 2021 às 04 horas (HBr) da madrugada.

As dicas e informações para observar chuvas de meteoros encontram-se no Boletim Ouranos - Ano L - N. 1 - setembro de 2020.


3. Formulário de observação visual de meteoros

Nos Boletins Ouranos N. 1 e 2 - Ano L - setembro e dezembro de 2020, a Comissão de Meteoros apresentou e descreveu sobre o formulário de campo (foto abaixo) a ser utilizado durante a sessão, bem como diferentes técnicas para proceder com os registros de meteoros visuais. Todas as informações necessárias estão disponíveis nos dois artigos.

Formulário de observação visual de meteoros - modelo preenchido - ETA 2020

3.1  Formulário de campo para a Campanha de Observação Lirídeos 2021

No link a seguir estão disponíveis os arquivos para download do formulário de observação visual de meteoros - Campanha de Observação Lirídeos 2021 para seis regiões brasileiras.


Obs.: Iniciantes! Não se assustem com esse apanhado de informações e valores que aparecem nos textos e nesta publicações. Anote simplesmente o horário que vocês iniciaram e finalizaram a observação e quantidade de meteoros que viram. Se for possível, anote o horário de cada um desses meteoros, e ainda, a magnitude. Tudo tem um começo, o mais importante é que vocês observem e aos poucos essa experiência começa a tomar forma e aos poucos essas informações irão fluir naturalmente e vocês poderão enviar as informações completos. Estamos a disposição para ajudar.


4. Envio dos dados de observação

Depois de fazer seus registros de observação encaminhe seus dados para a Comissão da UBA através de formulário próprio. Seus dados serão divulgados na próxima edição do Boletim Ouranos.


Considerações finais

Essa será nossa primeira experiência na Comissão de Meteoros com envio de dados dos observadores. É sempre uma construção para melhorar, temos muito aprender e que nessa campanha possamos observar todos os detalhes que precisam ser melhorados para as próximas campanhas. Ainda temos muito aprender, ensinar e aperfeiçoar.

Bons céus a todos!


Comissão de Meteoros - UBA

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Observação visual de Meteoros - Parte I

Texto publicado originalmente no Boletim Ouranos - Ano L - Nº I, Equinócio de Setembro de 2020.


A OBSERVAÇÃO VISUAL DE METEOROS – PARTE I

COMISSÃO DE METEOROS

NÚCLEO DE ENXAMES

https://uba-meteoros.blogspot.com/


Coordenação: Diego de Bastiani

Colaboradores: Camila Vitoria Kesler Dalligna, Cristian Madoglio, Guilherme Negri, Richard de Almeida Cardial, Robert Magno Siqueira

INTRODUÇÃO


O estudo de meteoros sempre foi uma atividade de grande interesse. Hoje com todas as informações disponíveis em livros e pela internet para muitas pessoas, famílias e grupos de astrônomos amadores estão a observar o céu em busca de meteoros como uma atividade envolvente e prazerosa. A Comissão de Meteoros quer ir além da contemplação do céu. Queremos criar um movimento em que as pessoas tenham conhecimento mais aprofundado desta área, queremos que as pessoas tenham condições e orientações básicas para fazer suas anotações e registros, contribuindo com a ciência. Assim, seremos mais que contempladores, seremos cidadãos cientistas, pessoas que amam observar o céu e que contribuem com a ciência.

1. O QUE SÃO METEOROS?


Imagem 1 Leo Froes - https://leofroes.com/
Fig. 1 - Leo Froes - https://leofroes.com/
Você está olhando pela janela de sua casa ou sentado na varanda contemplando o céu e de repente viu um rastro luminoso cortando o céu e fica admirado. Desde criança ouvimos falar que esses rastros no céu são estrelas cadentes, uma estrela que caiu do céu e significa sorte, então cruzamos os dedos e fazemos um pedido.

Por muitas gerações esse o termo estrela cadente foi interpretado desta forma e os contos populares deram uma pitada de mistério. Na verdade esses traços luminosos que observamos no céu são chamados de meteoros e que em nada influenciam em nossas vidas.

Quando avistamos meteoros no céu, estamos observando um fenômeno luminoso que ocorre entre 60 e 120 km de altitude e não o objeto em si. Segundo Mourão (2004), “meteoro [...] é o fenômeno luminoso que ocorre na atmosfera terrestre, proveniente do atrito de um corpo sólido, oriundo do espaço, com os gases da atmosfera terrestre”.

Esse corpo sólido que entra na atmosfera do planeta podendo ser um detrito de um Cometa, Asteroide ou meteoroide (entenderemos essa diferença em um próximo artigo) na ordem de 1 metro a alguns microns. Eles estão em movimento no espaço com velocidades entre 40 mil e 270 mil km/h! A alta velocidade e o atrito do objeto sólido aquecem os gases da atmosfera, mesmo os corpos pequenos conseguimos observar sua entrada, e por isso chamamos esse fenômeno luminoso de Meteoro.

2. CHUVA DE METEOROS


Em determinadas épocas do ano é observado um acréscimo de meteoros que parecem surgir de uma mesma região do céu. Chamamos esse evento de Chuva de Meteoros. “Toda chuva de meteoros parece ter sua origem num ponto particular do céu, denominado radiante” (MOURÃO, 1987).
Startrail Chuva de Meteoros - Eduardo Placido Santiago / EXOSS
Fig. 2 - Startrail Chuva de Meteoros - Eduardo Placido Santiago / EXOSS

Muitas vezes uma chuva de meteoros ocorre quando a Terra intercepta a órbita com os detritos deixados por um cometa que passou pela nossa órbita. Neste caso, os meteoros são pedaços desprendidos dos cometas, e as datas em que estas chuvas de meteoros ocorrem tornam-se previsíveis. Também ocorrem chuvas de meteoros por detritos deixados por asteroides (EXOSS, 2020)[1].

Em uma chuva de meteoros, é medida a taxa horária de meteoro, que é o número de meteoros por hora. Geralmente uma chuva dura mais de um dia, ou seja, no início da atividade é observado um número pequeno de meteoros e aos poucos vai ocorrendo um acréscimo nos meteoros registrados para o radiante, conforme a Terra cruza o caminho dos detritos deixados ali. Em seguida ocorre o pico máximo da atividade, e por fim, o decréscimo na ocorrência dos meteoros visualizados. Desta forma é importante observar o mesmo chuveiro em mais de um dia para poder registrar o fenômeno (como será abordado mais adiante).

O nome das chuvas de meteoros é dado de acordo com a constelação ou estrela em que está o radiante e é definido pela Comissão de Meteoros da IAU - International Astronomical Union.

3. COMO OBSERVAR UMA CHUVA DE METEOROS


Hoje existem várias formas de observar e registrar meteoros, são elas: através de fotografia, vídeo, antenas de rádio, telescópio e a observação visual[2]. Trataremos nesse artigo sobre a observação visual de meteoros, pois é uma atividade disponível a todos, com gastos praticamente zero, prazerosa e gratuita, já que o céu está ali disponível para nosso aprendizado. É nosso laboratório colaborativo.

As dicas descritas aqui são citações de conselhos e instruções publicadas em Mourão (2004), Boletim Observe! do NEOA “José Brazilício de Souza”[3] - NEOA JBS , International Meteor Organization - IMO[4]  e American Meteor Society - AMS[5].

3.1 Métodos de observação e registros


Entre os métodos de coleta de dados propostos pela IMO[6], o Núcleo de Enxames da Comissão de Meteoros usará o método de contagem de meteoros. Como o próprio nome diz, iremos “contar” o número de meteoros visualizados nos radiantes ativos, assim como meteoros do antélio e esporádicos. Para uma maior precisão é recomendado observar o radiante um dia antes, durante e um dia depois do pico máximo, como tudo está em movimento, pode ocorrer de uma atividade ser observada com maior intensidade em um dia que não é considerado com máxima atividade.

A taxa horária zenital - THZ de um radiante varia com sua altura no céu, radiantes próximos ao zênite (ponto no céu em cima de nossa cabeça) tem uma THZ máxima. Radiantes com alturas que variam entre o horizonte e o zênite tem valores diferentes, quanto mais próximo do horizonte menor é atividade observada de meteoros. Essa posição varia com a latitude do observador.

Vamos coletar o valor da magnitude dos meteoros registrados e, para termos precisão no registro, é importante gravar a magnitude de estrelas próximas ao radiante ou estrelas conhecidas. Elas serão nossas referências. Os mapas do céu disponibilizados pelo Núcleo de Enxames trarão como referência o valor da magnitude de algumas estrelas.

Neste primeiro momento as contagens devem ser organizadas de forma sequência, como demonstrado na Figura 3.

Para auxiliar nas anotações será fornecido um formulário de campo e um mapa do céu no site[7] da comissão para cada campanha com instruções de preenchimento do formulário de campo.

Fig. 3 - Formulário de observação de campo - Comissão de Meteoros / Núcleo de Enxames

3.2 Observação de meteoros para observadores iniciantes


O check-list abaixo é um guia para uma boa sessão de observação.

De preferência, procure um local no interior da sua cidade, afastado das luzes poluentes da cidade;
Para auxiliar nas anotações, tenha em mãos um lápis e uma prancheta;
O local de observação deve ter um horizonte disponível, sem barreiras visuais ou casas distantes com luzes acesas;
Quanto mais escuro for, melhor será adaptação dos nossos olhos, possibilitando ver mais estrelas e meteoros com o brilho menor;
Evite luzes do carro e celular;
Leve uma lanterna com luz vermelha. Ela ajudará iluminar o local e as folhas de anotação;
Tenha uma cadeira confortável;
Esteja agasalhado, as madrugadas são úmidas e frias, até mesmo em dias mais quentes;
Leve alimento e bebida;
Identifique a posição do radiante no céu;
Esteja sempre atento! A velocidade com que os meteoros se acendem e se apagam é rápida, muitos não chegam a brilhar mais do que um segundo;
Conte o número de meteoros pertencentes ao radiante. Meteoros que não pertencem ao radiante classifique como esporádico;
Organize as suas contagens em intervalos como mencionado acima;
Anote outras informações relevantes, por exemplo, condições climáticas (indique também o horário que isso aconteceu, barreiras visuais, período de pausa na observação, magnitude limite das estrelas;
Se a região do radiante estiver encoberta por uma nuvem, observe a região mais próxima e anote o horário e o local do céu que você observou;
Dedique pelo menos uma hora efetiva de observação.

3.3 Observação de meteoros para observadores experientes


Para os observadores experientes, seguir as instruções acima e realizar a contagem de meteoros e estimativa de brilho por radiante registrado. Como já mencionado, será fornecido mapa do céu com a magnitude de estrelas selecionadas. No mapa aparecerão círculos que indicam a posição dos radiantes ativos com as abreviaturas padrão da Comissão de Meteoros da IAU - International Astronomical Union[8]. Ao observar um meteoro, identifique seu possível radiante, estime o brilho com base nas estrelas de comparação. Além do lápis e a prancheta, uma maneira de otimizar o registro é usar um gravador de voz e transcrever suas observações após a sessão.

3.4 Pertence ou não pertence ao radiante


Como definir se um meteoro pertence a um determinado radiante? Os meteoros podem ser visto em qualquer região do céu, o que devemos avaliar é a direção do movimento, sua trajetória vai apontar diretamente para o radiante. Se um meteoro não aponta para nenhum radiante ativo, ele é classificado como esporádico.

4. RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO


Para muitos, esse exercício de registro de uma sessão de observação será a primeira vez, aos poucos vamos aperfeiçoar nossas técnicas. Para o momento, foi criado um formulário no Google Forms e que estará disponível no site da Comissão de Meteoros (https://uba-meteoros.blogspot.com/) e dentro das publicações das campanhas. Lá teremos todas as instruções para registro de suas observações: Radiante observado, nome e contato do observador, sítio de observação, registro dos meteoros para cada radiante ativo naquela sessão e comentários gerais. Nos próximos artigos abordaremos como proceder para a publicação no banco de dados da IMO

5. CONCLUSÃO


Teremos muito aprendizado pela frente, aproveite as próximas chuvas de meteoros para praticar. Serão ótimas oportunidades para conhecer os céu, as principais estrelas e entender como os meteoros riscam o céu e são projetados de seus respectivos radiantes.
Convide seus amigos, familiares ou seus colegas do clube de astronomia, uma noite de observação em grupo é muito mais divertida do que ficar sozinho.
Agradecimentos especiais ao Alexandre Amorim (NEOA-JBS), Camila Vitoria Kesler Dalligna (Apontador de Estrelas) e Luciana Fontes (EXOSS).
Bons céus a todos.

REFERÊNCIAS


MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.

MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Manual do astrônomo: uma introdução à astronomia observacional e à construção de telescópios. 6. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.

[1] EXOSS - Exploring the Southern Sky. Chuva de Meteoros. Disponível em http://press.exoss.org/Glossario/chuva-de-meteoros-2/. Acesso 01 de julho de 2020.

[2] IMO - International Meteor Organization. Observations. Disponível em https://www.imo.net/observations/. Acesso 02 de julho de 2020.

[3] Boletim Observe! Os meteoros eta-Aquarídeos. Ano II. Número 5. Maio de 2011, p. 80. Disponível em https://www.geocities.ws/costeira1/neoa/. Acesso 01 de julho de 2020. 

[4] _______. Visual Observations. Disponível em https://www.imo.net/observations/methods/visual-observation/. Acesso em 01 de julho de 2020.

[5] AMS - American Meteor Society. Visual Observing. Disponível em https://www.amsmeteors.org/ams-programs/visual-observing/. Acesso 02 de julho de 2020.

[6] IMO - International Meteor Organization. Filling a Report. Disponível em https://www.imo.net/observations/methods/visual-observation/major/report/. Acesso 02 de julho de 2020.

[7] Comissão de Meteoros. Núcleo de Enxames. uba-meteoros.blogspot.com

[8] Comissão de Meteoros da IAU. Disponível em https://www.ta3.sk/IAUC22DB/MDC2007/. Acesso 03 de julho de 2020.

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domingo, 17 de janeiro de 2021

Boletim Ouranos 2020



Em 2020 após a retomada das atividades da União Brasileira de Astronomia, o tradicional Boletim Ouranos voltou a ser publicado com artigos das comissões e seus associados.

Não leu ainda? Então acesse esse link http://acervoastronomico.org/uba-ano-50 para acesso ao Boletim nº 1 e 2.

O Núcleo de Enxames, através da Comissão de Meteoros publicou dois artigos, o primeiro auxilia o leitor na observação de chuva de meteoros, esse artigo encontra-se nas páginas 11 a 16. O segunda artigo trás para o leitor material para auxílio na observação e registro de meteoros, os artigos estão publicados nas páginas 12 a 15.

Boa leitura a todos/as.

domingo, 10 de janeiro de 2021

Calendário da Comissão de Meteoros 2021

Calendário das Chuvas de Meteoros visuais em 2021 elaborado pela Comissão de Meteoros. Usamos como referência os dados de observação da International Meteor Organization - IMO e o Anuário Catarinense de Astronomia 2021 do amigo Alexandre Amorim (Comissão de Cometas).

A versão para impressão encontra-se disponível aqui.

Os arquivos digitais estão abaixo.
















segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Chuvas de meteoros visuais em 2021

Meteoro Geminídeo registrado em Chapecó - SC. Foto: Diego de Bastiani
Meteoro Geminídeos registrado em Chapecó - SC no dia 12 de dezembro de 2020. Foto: Diego de Bastiani


Em 2020 com o agravamento da pandemia as pessoas permaneceram isoladas e até mesmo retiradas das cidades, buscando proteção contra o coronavírus. Os mais espertos aproveitaram para desvendar e aprender ainda mais sobre a astronomia. Pelo menos no ano que passou, os céus aliviaram a tensão de estarmos isolados. Muitas relatos disponíveis nas redes e perfis de divulgação em astronomia era possível perceber que as pessoas realmente buscaram mais informações para poder observar o céu.

Em 2021 não vai ser diferente. Ao longo do ano teremos muitos eventos astronômicos (você pode saber mais aqui), com belas conjunções, eclipse lunar e chuvas de meteoros.

Anualmente a International Meteor Organization - IMO (Organização Internacional de Meteoros) divulga calendário anual com chuva de meteoros visuais. Confira abaixo a lista com as chuvas de meteoros, data e atividade para 2021.

CHUVA DE METEOROS VISUAIS 2021

CHUVEIRO

ATIVIDADE

MÁXIMO

THZ

Antélio (ANT)

10 dez – 10 set

Março-abril, final de maio e junho

4

Quadrantídeos (010 QUA)

28 dez – 12 jan

03 jan

110

Gama Ursa Menorídeos (404 GUM)

10 – 22 jan

19 jan

3

Alfa Centaurídeos (102 ACE)

31 jan – 20/fev

08 fev

6

Gama Normídeos (118 GNO)

25 fev – 28 mar

14 mar

6

Lirídeos (006 LYR)

14 – 30 abr

22 abr

18

Pi Pupídeos (137 PPU)

15 – 28 abr

23 abri

Var

Eta Aquarídeos (031 ETA)

19 abr – 28 mai

05 mai

50

Eta Lirídeos (145 ELY)

03 – 14 mai

08 mai

3

Arietídeos (171 ARI)

14 mai– 24 jun

07 jun

30

Bootídeos de Junho (170 JBO)

22 jun – jul

27 jun

Var

Piscis Austrinídeos (183 PAU)

15 jul – 10 ago

29 jul

5

Delta Aquarídeos do Sul (005 SDA)

12 jul – 23 ago

30 jul

25

Alfa Capricornídeos (001 CAP)

03 jul – 15 ago

30 jul

5

Perseídeos (007 PER)

17 jul – 24 ago

12 ago

100

Kapa Cignídeos (012 KCG)

03 – 25 ago

17 ago

3

Aurigídeos (206 AUR)

28 ago – 05 set

01 set

6

Épsilon Perseídeos de Setembro (208 SPE)

05 jul – 21 set

09 set

5

Sextanídeos (221 DSX)

09 set – 09 out

27 set

5

Camelopardalídeos de Outubro (281 OCT)

05 – 06 out

05 out

5

Draconídeos (009 DRA)

06 – 10 out

08 out

10

Taurídeos do Sul (002 STA)

10 set – 20 nov

10 out

5

Delta Aurigídeos (224 DAU)

10 – 18 out

11 out

2

Épsilon Geminídeos (023 EGE)

14 – 27 out

11 out

3

Orionídeos (008 ORI)

02 out – 07 nov

21 out

20

Leonis Minorídeos (022 LMI)

19 – 27 out

24 out

2

Taurídeos do Norte (017 NTA)

20 out – 10 dez

12 nov

5

Leonídeos (013 LEO)

06 out – 30 nov

12 nov

10

Alfa Monocerotídeos (246 AMO)

15 – 25 nov

21 nov

Var

Orionídeos de Novembro (250 NOO)

13 nov – 06 dez

28 nov

3

Fenicídeos (254 PHO)

28 nov – 09 dez

02 dez

Var

Pupídeo-Velídeos (301 PUP)

01 – 15 dez

07 dez

10

Monocerotídeos (019 MON)

05 – 20 dez

09 dez

3

Sigma Hidrídeos (016 HYD)

03 – 20 dez

09 dez

7

Geminídeos (004 GEM)

04 – 20 dez

14 dez

150

Coma Berenicídeos (020 COM)

12 – 23 dez

16 dez

3

Leobis Minorídeos de Dezembro (032 DLM)

05 dez – 04 fev

19 dez

5

Ursídeos (015 URS)

17 – 26 dez

22 dez

10


Campanhas observacionais 2021

A coordenação da UBA junto a Comissão de Meteoros planejaram três campanhas de observação e registro de meteoros em 2021. Os radiantes escolhidos são:

  • Lirídeos - máxima atividade: 22 de abril
  • Perseídeos - máxima atividade: 12 de agosto
  • Geminídeos - máxima atividade: 14 de dezembro
Os critérios de escolha dos radiantes levaram a alta intensidade do chuveiro e a menor influência do brilho da Lua.

Maiores informações serão divulgadas no Boletim Ouranos em março/2021.


Fontes:

IMO - International Meteor Organization 

AMORIM, Alexandre. Anuário Astronômico Catarinense 2021. Ed. 1 – Florianópolis: Edição do Autor, 2020.


Diego de Bastiani - Coordenador da Comissão de Meteoros